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#51512
Enviado Anônimamente 18/08/2025

Doutor, entro em contato para compartilhar um pouco sobre meu histórico de saúde, pois me sinto perdida e gostaria de uma orientação.
Atualmente, tenho 35 anos, mas minha jornada com a dor começou por volta dos 20, quando apresentei sérias dificuldades para escrever. Embora minha caligrafia sempre tenha sido bonita e legível, nessa época comecei a sentir dores intensas nas mãos e nos braços, e minha letra se tornou irreconhecível.
Após buscar diversos médicos, dentre eles ortopedistas e neurologistas, e tratamentos alternativos, incluindo hipnoterapia, fui diagnosticada com DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho) e, aos poucos, consegui recuperar a capacidade de escrever.
Anos depois, as dores se espalharam por todo o meu corpo, afetando cada articulação, inclusive as dos dedos. Fico com as pálpebras inchadas, distensão abdominal e dor até no couro cabeludo. Fui diagnosticada com fibromialgia e, após um longo acompanhamento com reumatologistas, recebi o diagnóstico de artrite reumatoide.
Durante todo esse tempo, fiz inúmeras sessões de fisioterapia, na tentativa de aliviar as dores.
Durante essa mesma fase, descobri que também tenho SOP (Síndrome do Ovário Policístico) e endometriose.
Toda essa situação tem impactado profundamente minha qualidade de vida. Atividades simples, como lavar louça, se tornaram desafiadoras e há dias em que não consigo trabalhar. Isso afeta não só meu bem-estar físico, mas também minha autoestima e minha vitalidade.
Apesar de saber que a atividade física moderada ajuda a aliviar as dores, as crises frequentes tornam difícil manter a regularidade.
A tudo isso se soma um quadro de ansiedade e depressão.
Atualmente, minha rotina de tratamento é complexa: faço acompanhamento com psiquiatra, psicólogo, nutricionista, reumatologista e ginecologista.
Além disso, a lista de medicamentos que utilizo é extensa, muitos deles em dose máxima, o que me deixa confusa sobre qual caminho seguir ou qual especialidade procurar.
Nesse último mês, em especial, estou bem triste, porque vi nos médicos a falta de respostas pra meu quadro, descrito por alguns como intrigante.
Meu corpo não responde a tantas medicações e sigo com muitas dores.
Para facilitar, segue uma lista dos remédios que já tomei e os que tomo atualmente.

Atualmente em uso:
Pregabalina, sertralina, metrotexato e leflunomida. Além disso, nos dias de muita crise tomo musculare.

Já utilizei:
Desvefalexina, hidroxicloroquina e duloxetina.

Agradeço a sua atenção e qualquer orientação que possa me oferecer.
Estou disposta a fazer o que estiver ao meu alcance pra melhorar a minha qualidade de vida.

Boa tarde. Antes de tudo, aceite meus parabéns e minha admiração pela sua invulgar capacidade literária. Imagino que você deve ter lido Machado de Assis, Guimarães Rosa e Clarisse Lispector. 

Veja bem, você não está “sem saída” — o que acontece é que seu caso exige uma visão integral e contínua, não uma solução única. É comum que pacientes com sobreposição de AR + fibromialgia sejam rotulados como “intrigantes” porque a dor vai além da inflamação articular. Mas existem caminhos, especialmente quando se pensa em tratamento combinado (medicação + reabilitação + apoio psicológico).

Essa soma de diagnósticos explica por que muitas vezes você sente que “nada funciona”. Na prática, não existe um único tratamento que resolva tudo: é preciso alinhar controle imunológico (da AR) com manejo da dor crônica e suporte psicossocial.

Se a artrite reumatoide não está controlada (ainda há rigidez matinal, inchaço articular, exames inflamatórios elevados), pode ser o caso de discutir com seu reumatologista o início de imunobiológicos, já que você já fez o “duplo convencional” (MTX + leflunomida).

Se a fibromialgia continua intensa, vale rever com o psiquiatra a classe do antidepressivo (em alguns casos, a amitriptilina em dose baixa, ou retornar à duloxetina, pode ajudar mais do que a sertralina).

Importante também revisar se os efeitos colaterais dos remédios não estão aumentando sua fadiga.


Tratamento não medicamentoso

Esse é o ponto mais difícil, mas também o que mais ajuda no longo prazo:

-Atividade física regular, adaptada – mesmo que seja caminhada leve, hidroginástica ou yoga suave. Pequenas doses, todos os dias, trazem mais benefício do que picos de esforço.

-Fisioterapia direcionada à reabilitação de dor crônica, não apenas à mobilidade articular. Terapias manuais, liberação miofascial e exercícios graduais ajudam.

-Sono: essencial trabalhar higiene do sono, já que fibromialgia piora com sono fragmentado.

-Psicoterapia focada em dor crônica (TCC, mindfulness, ACT) – ajuda a reduzir a percepção da dor e recuperar autoestima.


E agora, o que fazer?

Estratégia prática

-Conversar com o reumatologista sobre próximo passo terapêutico na artrite reumatoide (imuno-biológicos).

-Rever com o psiquiatra a estratégia medicamentosa para dor crônica + humor(avaliar duloxetina ou outro adjuvante).

-Solicitar encaminhamento para clínica da dor → uma equipe multiprofissional pode coordenar medicações, bloqueios e reabilitação.

-Retomar atividade física progressiva, ainda que mínima, como parte obrigatória da rotina.

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